quinta-feira, 13 de abril de 2017

IMPACTO DO AQUECIMENTO GLOBAL NO PERMAFROST.

Impacto do aquecimento global no permafrost é maior do que anteriormente estimado

O aquecimento global irá descongelar cerca de 20% mais permafrost do que se pensava, estimam pesquisadores em nova pesquisa, o que, potencialmente, pode liberar quantidades significativas de gases de efeito estufa para a atmosfera da Terra.
 Imagem capturada por drone, na Noruega. Crédito: Sebastian Westermann
Imagem capturada por drone, permafrost na Noruega. Crédito: Sebastian Westermann
Um novo estudo internacional, incluindo especialistas em mudanças climáticas da Universidade de Leeds, da Universidade de Exeter e do Met Office, revela que o permafrost é mais sensível aos efeitos do aquecimento global do que se pensava anteriormente.
O estudo, na Nature Climate Change, sugere que cerca de 4 milhões de quilômetros quadrados de solo congelado – uma área maior que a Índia – poderiam ser perdidos por cada grau adicional de aquecimento global experimentado.
Permafrost é solo congelado que tem estado a uma temperatura abaixo de 0ºC por pelo menos dois anos. Grandes quantidades de carbono são armazenadas na matéria orgânica aprisionada nos solos gelados do permafrost. Quando o permafrost descongela a matéria orgânica começa a se decompor, liberando gases de efeito estufa como dióxido de carbono e metano, que aumentam as temperaturas globais.
Estima-se que há mais carbono contido no permafrost congelado do que atualmente está na atmosfera.
O degelo do permafrost tem consequências potencialmente nocivas, não apenas para as emissões de gases com efeito de estufa, mas também para a estabilidade dos edifícios localizados em cidades de alta latitude.
Aproximadamente 35 milhões de pessoas vivem na zona de permafrost e um degelo generalizado pode fazer com que o solo fique instável, colocando as estradas e edifícios em risco de colapso.
Estudos recentes têm mostrado que o Ártico está se aquecendo em torno de duas vezes da taxa média global, com permafrost já começando a descongelar em grandes áreas.
Os pesquisadores, da Suécia e da Noruega, bem como o Reino Unido, sugerem que as enormes perdas de permafrost poderiam ser evitadas se fossem atingidas ambiciosas metas climáticas globais.
A autora principal, Sarah Chadburn, da Universidade de Leeds, disse: “Uma meta de estabilização menor de 1,5ºC economizaria aproximadamente dois milhões de quilômetros quadrados de permafrost. Alcançar os ambiciosos objectivos climáticos do Acordo de Paris poderia limitar a perda de permafrost. Pela primeira vez, calculamos quanto poderia ser salvo. ”
No estudo, os pesquisadores usaram uma nova combinação de modelos climáticos globais e dados observados para fornecer uma estimativa robusta da perda global de permafrost sob a mudança climática.
A equipe olhou para a maneira como o permafrost muda em toda a paisagem, e como isso está relacionado com a temperatura do ar. Eles então consideraram possíveis aumentos na temperatura do ar no futuro e os converteram para um mapa de distribuição de permafrost, usando sua relação de observação. Isso permitiu que eles calculassem a quantidade de permafrost que seria perdida sob as metas de estabilização climática propostas.
O co-autor, Professor Peter Cox da Universidade de Exeter, explicou: “Descobrimos que o padrão atual de permafrost revela a sensibilidade ao aquecimento global”.
O estudo sugere que o permafrost é mais suscetível ao aquecimento global que se pensava anteriormente, já que estabilizar o clima a 2ºC acima dos níveis pré-industriais levaria ao descongelamento de mais de 40% das áreas de permafrost atuais.
Referência:
An observation-based constraint on permafrost loss as a function of global warming
S. E. Chadburn, E. J. Burke, P. M. Cox, P. Friedlingstein, G. Hugelius & S. Westermann
Nature Climate Change (2017) doi:10.1038/nclimate3262
http://www.nature.com/nclimate/journal/vaop/ncurrent/full/nclimate3262.html

* University of Leeds, Public Release: 10-Apr-2017
Huge permafrost thaw can be limited by ambitious climate targets
** Tradução e edição de Henrique Cortez
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 10/04/2017

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