terça-feira, 7 de março de 2017

PERDAS AUDITIVAS SÃO IRREVERSÍVEIS.

OMS: 1,1 bilhão de pessoas podem ter perdas auditivas porque escutam música alta

Perdas auditivas são irreversíveis, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta sexta-feira (3), Dia Mundial da Audição. Atualmente, problemas de audição provocados por causas diversas já afetam 360 milhões de indivíduos, dos quais 32 milhões são crianças.
Exposição a sons muito altos em momentos de lazer é risco à saúde, aponta OMS. Foto: PEXELS
Exposição a sons muito altos em momentos de lazer é risco à saúde, aponta OMS. Foto: PEXELS
Cerca de 1,1 bilhão de pessoas dos 12 aos 35 anos de idade correm o risco de terem perdas auditivas irreversíveis porque escutam música muito alta em fones de ouvido. Atualmente, problemas de audição provocados por causas diversas já afetam 360 milhões de indivíduos, dos quais 32 milhões são crianças.
Os números foram divulgados nesta sexta-feira (3), Dia Mundial da Audição, pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A agência da ONU aproveita a data para pedir a governos, setor privado e sociedade civil que combatam perigos capazes de levar à surdez. Ameças incluem desde infecções durante a gravidez, que podem prejudicar a audição dos bebês, até fatores ambientais, como a exposição a sons muito altos.
A OMS define como audição normal a de pessoas que conseguem escutar sons de até 25 decibéis ou mais baixos nos dois ouvidos. Quem ouve menos do que esse limiar teria algum tipo de perda auditiva.
O organismo internacional divide as causas das deficiências em duas categorias. As chamadas causas congênitas são: doenças como rubéola congênita, sífilis e outras infecções durante a gravidez; nascimento abaixo do peso ideal; falta de oxigênio na hora do parto; uso inapropriado de medicamentos ao longo da gestação; e icterícia neonatal, um problema de saúde que pode danificar o nervo auditivo em recém-nascidos.
A outra categoria são as causas adquiridas — meningite, sarampo, caxumba, infecções crônicas no ouvido, otite média, lesões na cabeça ou no ouvido e uso de alguns remédios, como os utilizados no tratamento de infecções neonatais, malária, câncer e tuberculoses agressivas.

Esse conjunto de fatores também inclui a exposição a quantidades excessivas de ruído — seja no espaço de trabalho, como o contato com o barulho de máquinas e explosões, seja em atividades recreativas, como escutar música em fones de ouvido por tempo prolongado e a volumes muito altos ou frequentar shows, bares e eventos esportivos.
Segundo a OMS, nos países de média e baixa renda, cerca de 50% das pessoas de 12 a 35 anos escutam música em intensidade e duração consideradas perigosas para a audição. Quarenta porcento do mesmo grupo está suscetível a níveis prejudiciais de ruído em bares, boates e competições esportivas.
O envelhecimento e o acúmulo de cera — ou outras partículas estranhas — também são citados pela OMS como causas adquiridas.
Dados coletados pela Organização mostram que as perdas auditivas custam de 67 bilhões a 107 bilhões de dólares anuais aos sistemas de saúde. Os valores estimados não incluem as despesas com aparelhos auditivos e próteses cocleares pessoais. Outro custo anual envolve as perdas de produtividade — calculadas em 105 bilhões de dólares — causadas pelo desemprego ou pela aposentadoria precoce.
A agência da ONU também mensurou que dificuldades de comunicação, isolamento social e estigma associados às dificuldades de audição geram prejuízos de 573 bilhões de dólares. Para dar educação adequada às crianças na faixa etária dos cinco aos 14 anos, são necessários 3,6 bilhões de dólares adicionais em investimentos no ensino.

Prevenção

Para reverter esse cenário e proteger os ouvidos das atuais e futuras gerações, a OMS recomenda que países invistam na prevenção. Até 60% dos casos de perda auditiva entre jovens com até 15 anos podem ser prevenidos, sobretudo com ações contra o sarampo, caxumba, meningite, infecções por citomegalovírus e otite média crônica.
Essas complicações de saúde representam (31%) das causas de deficiências nas audições de crianças e adolescentes. Algumas delas podem ser evitadas com vacinas ou com acompanhamento médico adequado.
O monitoramento correto da gravidez também é uma arma contra a perda auditiva, uma vez que problemas na gestação e no parto estão por trás de 17% das ocorrências de disfunções da audição entre crianças.

Escuta ‘segura’

A OMS também recomenda o que descreve como “escuta segura”, ou seja, práticas que protegem os ouvidos de ruídos muito altos em atividades ocupacionais ou de lazer. Segundo a agência da ONU, a “escuta segura” depende da intensidade, duração e frequência dos estímulos sonoros.
O limiar de segurança definido por especialistas e pela OMS é de sons com volume de 85 decibéis, que podem ser ouvidos por um máximo de oito horas. Conforme o volume aumenta, o tempo seguro de exposição cai dramaticamente.
Por exemplo, o som produzido pelo trem do metrô — estimado em cem decibéis — pode ser escutado sem danos à saúde por apenas 15 minutos por dia.
O som produzido por aparelhos pessoas para ouvir música pode variar de 75 decibéis até 136 decibéis — o que exige dos usuários mais atenção na hora de utilizar fones de ouvido. Em boates e bares, o volume pode chegar até 112 decibéis.
As práticas de “escuta segura” incluem o uso de tampões para os ouvidos, capazes de reduzir em até 45 decibéis a altura do que é escutado, e também de fones que isolam o ruído do ambiente — o que previne o usuário de smartphones ou players de MP3 de aumentar demasiadamente o volume.
A OMS também sugere que as pessoas recorram a aplicativos que medem o nível de exposição a estímulos sonoros. Isso dá autonomia para que os próprios indivíduos consigam se proteger.
A agência faz um apelo ainda a governos, para que implementem leis mais rigorosas contra ruídos excessivos em espaços de lazer e realizem campanhas de conscientização.
O setor privado, de acordo com o organismo internacional, também deve se envolver na prevenção das perdas auditivas. Fabricantes de celulares e aparelhos de música podem embutir mecanismos que alertam usuários sobre riscos à audição ou que lhes permitam definir limites seguros de volume.
Fonte : ONUBrasil

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